Somos o que fazemos, o que comemos e as decisões que tomamos. E também somos o que vestimos. A moda sustentável é a nova tendência, numa altura em que a preocupação com a preservação do meio ambiente assume um lugar cada vez mais relevante.

Incentivados pelos preços baixos e pela elevada rotatividade de novas coleções, o nosso modo de consumir mudou pois habituámo-nos a comprar muito mais peças de roupa e a usá-las cada vez menos vezes, descartando-as com rapidez nos caixotes do lixo.

A grande questão é que a tendência fast fashion é devastadora para o nosso Planeta. A produção têxtil é responsável por 20% das águas residuais e por 10% das emissões de carbono em termos mundiais, de acordo com os dados mais recentes da Organização Mundial das Nações Unidas, ou ONU. Nos últimos 15 anos, a confeção de vestuário duplicou e a utilização das respetivas peças diminuiu para cerca de metade.
 


Além disso, os materiais utilizados para a confeção das peças de roupa que vestimos mistura fibras naturais e sintéticas, que têm de ser separadas para que possam ser reaproveitadas. A isto, ainda há que somar o potencial de contaminação do fabrico do próprio poliéster, que produz o triplo das emissões de dióxido de carbono quando comparado com outros materiais como o algodão. As tinturas utilizadas para colorir os tecidos também apresentam o mesmo potencial de contaminação, contudo, existem alternativas sustentáveis.

 

Foco no meio ambiente

Numa altura em que a preservação do meio ambiente se torna numa prioridade, o universo da moda é obrigado a avaliar o seu impacto no planeta Terra e adotar novas medidas focadas na sustentabilidade e no impacto social.

É assim que nasce o conceito de Slow Fashion, o oposto da famigerada Fast Fashion, a moda industrializada que temos vivenciado nas últimas décadas. Este novo movimento destaca-se por algumas características relevantes. São elas:

 

Aposta no rastreio da matéria-prima

As novas tecnologias como o blockchain facilitam o rastreio das matérias-primas, o que permite que as fabricantes saibam como as matérias-primas foram obtidas e utilizadas na confeção das roupas e possam facilitar essa informação ao cliente, que por sua vez, tem a possibilidade de optar por comprar peças sustentáveis e éticas ou não.


 

Na circularidade está o ganho

Todos os anos jogamos cerca de 500.000 milhões de euros em roupa para o lixo. Apenas 1% das roupas que vão para o lixo são recicladas. Este ciclo vicioso tem consequências muito negativas para o meio ambiente, tanto por conta do desperdício de matérias-primas como pela poluição gerada pelo processo de fabrico e de descarte.

A pensar nisto, muitas marcas incentivam os seus clientes a depositarem as roupas velhas e indesejadas nas suas lojas com o intuito de reutilizar, reciclar ou converter em energia os materiais. Esta última opção consiste na transformação dos resíduos não recicláveis em energia elétrica, vapor ou água quente para uso doméstico e industrial.

 

A reciclagem tem de ser uma prioridade

O ciclo de vida de uma peça de roupa ganha uma nova oportunidade quando as empresas de moda se predispõem a reciclar os materiais, disponibilizando contentores onde podemos depositar a roupa que já não queremos.

Também há empresas que aceitam a doação de roupa em segunda mão, em bom estado de conservação, que é posteriormente vendida e as receitas utilizadas para iniciativas de cariz social. Além disso, as associações de apoio aos mais desfavorecidos e outras instituições também disponibilizam contentores onde podemos depositar as peças de roupa que já não utilizamos e que são posteriormente doadas aos mais desfavorecidos.

Da parte das empresas, já são várias as marcas que apostam no fabrico das peças com materiais reciclados. 

A verdade é que existem muitas formas de prolongar a vida útil das nossas peças de roupa e reduzir ao máximo os resíduos.

 

Quilómetro. Zero

O Quilómetro. Zero é mais uma das tendências focada na redução da pegada de carbono das peças de roupa, mais precisamente nas emissões geradas pelos veículos que fazem o transporte. A pensar nisto, alguns dos fabricantes optam por confecionar os seus produtos com matérias-primas locais e em fábricas próximas, de forma a reduzir o impacto ambiental associado ao transporte dos produtos e a beneficiar a comunidade local através da criação de postos de trabalho.


Investigação e Desenvolvimento

A inovação no setor da moda é uma constante. Seja através de tecnologias de impressão 3D ou de máquinas de bordar industriais, é todo um mundo de novas possibilidades. Graças a isto, é possível começar a utilizar novas matérias-primas, simplificar processos com menor impacto ambiental e maior eficiência e incentivar outras apostas como o Quilómetro Zero.

Todas estas tendências convergem num novo fenómeno: o Slow Fashion. Vamos vestir-nos de forma a salvar o Planeta?